Há algum tempo venho acompanhando a evolução do debate sobre responsabilize social e empresarial, que cabe as empresas.
No entanto, a responsabilidade social vai muito
além. É sobre isso que falo nesse artigo.
Sou gestora ambiental e trabalhei nessa área
durante um bom tempo, o que me deu um olhar muito crítico e realista sobre esse
tema dentro das empresas, mas o que me chamava atenção era o quanto
efetivamente essas instituições não ocupavam os espaços de discussão nas instituições
públicas em que se discutiam tantos os impactos positivos quanto os negativos
que são causados nas cidades ao qual estavam operando.
O que traz o seguinte pensamento
Sou uma empresa de meio porte e vou me instalar
em uma cidade que tem 70, mil habitantes, essa cidade tem uma estrutura que é
compatível com a realidade econômica que ela possui hoje. A minha entrada vai
gerar os seguintes impactos.
- Mão de obra qualificada – Profissionais de diversas áreas que irão compor o quadro técnico da empresa.
- Moradia – Espaços residências que comportem os novos moradores que irão morar e trabalhar na cidade.
- Escolas – Espaços equipados e com quadro de professores com uma educação inclusiva e de qualidade.
- Transporte – locomoção dos moradores e visitantes a toda parte da cidade através de veículos em ótimo estado e preço justo,
- Saúde – Atendimento de qualidade, com equipamentos e profissionais de todas as áreas e com salários justos.
- Saneamento – qualidade de vida com um zoneamento adequado, pavimentação e tratamento dos resíduos produzidos, água encanada e distribuição de pontos de energia distribuídos seguindo normas internacionais que consideram a segurança e o serviço prestado.
Todos esses temas apontados à cima são
planejados por meio do plano diretor da cidade que divide o zoneamento a cidade, nele e colocado onde é o espaço urbano e o que pode se instalar nele, onde ficam
as indústrias, os espaços residenciais, os espaços de agricultura e por aí vai,
a cada nova mudança ou chegada de empresas de grande médio porte, toda a parte
de licenciamento prévio, de instalação e produção é feito a partir de análise desse documento junto a secretaria de meio ambiente que estudará o impacto.
Uma vez que a cidade é pequena e a mão de obra
que existe não consegue atender as minhas demandas Abro processo para
contratação desses profissionais, isso vai gerar um aumento de pessoas morando e
transitando na cidade, como empresa é meu dever me fazer a seguinte pergunta:
Estará a cidade preparada para acompanhar esse
crescimento demográfico? Existe um planejamento realizado para um
crescimento dessa magnitude? A cidade
possui um Plano Diretor?
A partir do grande volume o transporte precisa funcionar bem, os ônibus precisam atender a necessidade desse fluxo de forma organizada. Como é o transporte público dessa cidade?
A partir do grande volume o transporte precisa funcionar bem, os ônibus precisam atender a necessidade desse fluxo de forma organizada. Como é o transporte público dessa cidade?
Com o aumento da população os hospitais públicos
estão preparados e equipados para prestar o atendimento devido.
Muito desses novos moradores têm famílias e
filhos, e precisam de vagas nas escolas para os seus filhos. Como
são as escolas e quantas a cidade possui?
Consegue perceber o quão pesado é o impacto dessa empresa na dinâmica dessa cidade? Ela trás o emprego e junto vêm todas essas questões ao qual ela faz a gueixa, literalmente.
Consegue perceber o quão pesado é o impacto dessa empresa na dinâmica dessa cidade? Ela trás o emprego e junto vêm todas essas questões ao qual ela faz a gueixa, literalmente.
Porém, o pensamento que as empresas têm é: “pago
todos os impostos necessários, para não ter problema com isso”. Nesse ponto
digo que o pensamento não poderia ser e estar mais errado. Uma vez que você
está instalada na cidade e operando, sua responsabilidade vai além de só pagar
os impostos.
A empresa quando é seria, e comprometida quer
ver a cidade evoluir sustentavelmente e não depreciativamente. É seu dever cobrar
e acompanhar o que está sendo feito com seus impostos. O político
rouba o imposto que a empresa paga, porque as empresas não se preocupam em companhar os gastos
Para Refletir
Pensemos o seguinte: quando o funcionário se atrasa, e a empresa cobra na maioria das vezes isso acontece por conta do transporte que é sucateado.
Quando o funcionário não consegue um acompanhamento médico de qualidade e acaba tendo que ficar dias em casa, desfalcando e atrasando a produção. Isso é culpa do péssimo uso da verba na saúde.
Ah! Mas isso não cabe a empresa, isso cabe ao poder público. MAS QUEM ALIMENTA O PODER PUBLICA, não são na maioria os impostos pagos pela empresa também?
Um setor empresarial só é forte quando ele
consegue ver além da sua produção e ganhos dos lucros, o bem-estar de seus
colaboradores, nenhum profissional quer ser inimigo da empresa ao qual
trabalha, ele quer fazer historia com a empresa, ser reconhecido pelo seu
bom desempenho.
No entanto, hoje, o que se esta vendo é um
processo de colonização da era moderna, em que pouco importa o empregado só se
quer que ele produza e o dinheiro entre na conta.
Precisamos como empresa, pensar no que estamos
criando e o que deixaremos para contar a nossa história. Como empresa, quero
fazer historia com os meus colaboradores, por essa razão mesmo sendo pequeno
hoje, começo pensando no bem-estar do meu funcionário, para que assim ele possa
abraçar a empresa.
Por isso, conheça os espaços de discussão que
são realizados pela sociedade civil organizada, fortaleça esses espaços, pois
deles saem muitas reivindicações pautadas para a melhoria no gerenciamento das cidades,
e é por meio elas que se acompanham os gastos públicos, as empresas têm acentos
nesses espaços e nunca participam, e o engraçado é que existe um setor de
responsabilidade social nelas ao qual participar dessas discussões deveria ser
uma das atribuições de quem ocupa esse cargo.
Deixo aqui essa reflexão que todos nós,
precisamos ter.